top of page

RASURAS NO “CHÃO DOS LOBOS” - A POÉTICA DE FRONTEIRA DE CHARLES TROCATE

Airton Souza

ISBN: 978-65-5889-047-8
DOI: 10.46898/rfb.9786558890478

Sinopse

Rasuras no “chão dos lobos” – a poética de fronteira de Charles Trocate é o resultado de dois tumultuados anos de pesquisas, sobretudo pelas incertezas políticas que nesse momento avassala o país. Sob a orientação do Prof. Dr. Gilson Penalva, este trabalho foi destinado ao Programa de Mestrado em Letras, pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Além disso, Reescrito por pelo menos três vezes ao longo desses anos este livro é parte de um testemunho do agora. De uma poética centrada na provisão da ação. Convergindo para o estado do imediato atemporal. Essa que é justamente uma das questões mais essenciais nas poéticas amazônicas. Porque nesse espaço todas as lutas convergem para o hoje. Isso se deve, principalmente porque os algozes não dormem. Eles estão nutridos pelo único sentimento de nos proibir de amar a nossa terra, mostrando-a somente como potencial econômico e ao mesmo tempo delineado traços de impotência nos nossos sentimentos.
Aqui estão os testemunhos de pequenas leituras fronteiriças na poética de Charles Trocate. Essa que é uma das escrituras mais atuantes no front nas Amazônias. Porque Trocate é, como bem escreveu Luiz Ricardo Leitão, “um combatente caboclo armado de palavras”. Para o poeta a palavra é prática, e ele sabe que ela é capaz de provocar incômodos no cerne dos que só pensam incessamente em espoliar o ser e as geografias amazônidas. Por isso a palavra é sal, e subverte, ao questionar os valores e o poder nesse processo de espoliação.
A partir de uma poética de ação Trocate concede-nos o direito sincero de nos olharmos frente às realidades díspares que assolam diariamente as nossas fronteiras, sejam elas: as subjetivas, as coletivas, as reais ou as imaginárias.
A carga semântica na expressão poética de Trocate é multifacetada. Ela provoca rupturas na forma imediata de transver as Amazônias. Atravessa tanto as cidades quanto os campos, sem deixar de abraçar os prelúdios sentimentais embandeirados por uma infinidade de camaradas. Assim, Charles Trocate transfigura as realidades, tornando-as outras construções simbólicas dentro dessas próprias realidades. Em sua poética ele reescreve as significações plurais buscando interpretar o momento, sem deixar de contestá-lo. Faz de sua poesia o espaço de afeto e combate, como quem sabe atravessar as trincheiras com todos os horizontes políticos inquietando suas retinas. Ou de quem quer muito mais que o intróito silenciado.
Não à toa, veremos neste Rasuras no “chão dos lobos” – a poética de fronteira de Charles Trocate o quanto a poética trocatiana se adensa cada vez mais na urgência temporal e territorial. Fazendo de si mesmo a possibilidade de tornar-se um campo simbólico surpreendente, ao manter intrínseca relação com o cotidiano nas Amazônias e a transposição dessa relação para a palavra poética. Ao passo que Charles Trocate esgarça os processos de sentidos político e literário.
Por conta disso, esse livro aborda o processo de desleitura a partir de dois elementos simbólicos na poética trocatiana, que são eles: a poesia de fronteira como ato pedagógico e a análise estética político-cotidiana. Ambos estão perpassados por diálogos metaforicamente vinculados as temporalidades, a partir da análise verbal, e das territorialidades, analisando como os procedimentos de intensificação das metáforas potencializa a representação simbólica.
Em grande parte veremos que o lócus enunciativo da poética de Charles Trocate são as Amazônias. São dessas geografias que as simbologias de suas palavras buscam reorganizar, mesmo que interrogando, as ações marcadas pelas diferenças, centradas nas formas de poder. Assim, o poeta assinala outros discursos possíveis. Só que discursos de quem estar dentro do front, e não como sempre historicamente aconteceu, a construção discursiva das Amazônias por quem estar fora, criando, como projeto de dominação, os esteriótipos.
Com uma concepção poética que tensiona as formas simbólicas das palavras Charles Trocate contribui para ampliar diversas problemáticas existentes nas Amazônias, conforme veremos exemplificados ao longo deste livro. E, nessa perspectiva ele concebe outras formas de nos enxergamos criticamente. Dessa maneira, a poética trocatiana desloca a história oficial sobre os pensamentos críticos referentes aos sujeitos e as territorialidades Amazônicas.
Temos, por tanto, neste Rasuras no “chão dos lobos” – a poética de fronteira de Charles Trocate não como o ponto final, mas como a possibilidade territorial e temporal do lugar de partir.

Data de publicação:

19 de janeiro de 2021 13:33:08

Gostou? Comente!
Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Adicionar avaliação
Share Your ThoughtsBe the first to write a comment.
bottom of page